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terça-feira, 8 de abril de 2014

Dica do Dia para os Pais e Professores.

SEJA  ENVOLVENTE

      Informamos simplesmente ouvidas ou vistas, por exemplo, em lousa, não são absorvidas concretamente e acabam esquecidas. Além disso, esse tipo de aula estimula o "decoreba" para a prova que muitos alunos adotam como estratégia para conseguir notas boas. ENSINAR É MUITO QUE ISSO. Envolva os alunos no processo e aprenda com eles também.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

10 lugares mais poluídos do mundo


Os moradores de São Paulo sabem uma coisa ou duas sobre poluição, é verdade, mas – ainda bem! – estão longe das situações extremas encontradas em locais em que a poluição é resultante de problemas que vão desde a crescente quantidade de lixo eletrônico produzido até a produção de armas químicas. Em parceria com a Cruz Verde Internacional, o Instituto Blacksmith estudou a situação de mais de 2 mil focos de poluição em 49 países na última década – e o que descobriram não é nada legal: a poluição tóxica ameaça a saúde de mais de 200 milhões de pessoas no planeta e poluentes industriais já afetam mais pessoas do que a malária.
Os dados levantados pela instituição também apontam para outro fato importante: apesar dos dez lugares mais poluídos não se encontrarem em nações ricas, elas não estão livre da culpa. Isso porque grande parte da poluição encontrada em países pobres está ligada ao estilo de vida dos mais ricos – uma fábrica em Bangladesh, por exemplo, fornece couro para calçados feitos na Itália e vendidos em Nova York ou Zurique; em Agbogbloshie, Gana, os moradores sofrem com o impacto do lixo eletrônico dos aparelhos eletrônicos usados em países do ocidente. A população local nessas áreas “está muitas vezes poluindo o ambiente não por que acham divertido, mas por uma questão de sobrevivência”, apontou Stephan Robinson, da Cruz Verde Suíça, durante a conferência de apresentação dos dados levantados.
Confira quais são os 10 lugares mais poluídos do mundo, segundo levantamento do Instituto Blacksmith:

1. Agbogbloshie (Gana)
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Agbogbloshie é a segunda maior área de processamento de lixo eletrônico da África Ocidental, chegando a importar cerca de 215 mil toneladas de resíduos oriundos da Europa. Por lá, a situação é séria: devido à composição heterogênea dos materiais coletados, reciclá-los de forma segura é um processo complexo que requer grande habilidade e tecnologia adequada – coisas que não são aplicadas no aterro. São várias as atividades irregulares que causam impacto ambiental na região – em uma das etapas mais nocivas, por exemplo, os recicladores queimam o plástico que envolve fios de cobre, muitas vezes usando isopor. O resultado é a liberação de metais pesados presentes nos cabos, que contaminam as residências e o solo. Amostras recolhidas nas redondezas do local de despejo, onde vivem mais de 40 mil pessoas, indicaram níveis de chumbo superiores a 18 partes por milhão – 45 vezes mais que o limite de contaminação estabelecido pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA. Além disso, amostras de sangue dos trabalhadores chegaram a indicar presença de metais pesados até 17 vezes superior aos padrões internacionais.

2. Chernobyl (Ucrânia)
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A cidade de Chernobyl, na Ucrânia, ainda está longe de se recuperar da tragédia ocorrida em 25 de abril de 1986 – na ocasião, um dos piores acidentes nucleares da história, a explosão de reatores liberou 100 vezes mais radioatividade que as bombas que atingiram Hiroshima e Nagasaki, afetando uma área de 150 mil quilômetros quadrados. O acidente é considerado responsável por mais de 4 mil casos de câncer de tireóide, e a estimativa é de que a radioatividade ainda presente na área coloque em risco entre 5 e 10 milhões de pessoas na Ucrânia, Rússia, Moldávia e Belarus.

3. Rio Citarum (Indonésia)
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Cobrindo uma área de cerca de 13 milhões de quilômetros, o Rio Citarum fornece 80% da água consumida pela população local, irriga fazendas que produzem cerca de 5% do arroz cultivado no país e atende 2 mil fábricas da região. Estaria tudo certo não fosse por um “detalhe”: o Citarum está contaminado por dejetos industriais e domésticos e, em testes realizados pelo Instituto Blacksmith, foram encontrados níveis de chumbo mil vezes maiores que o aceito internacionalmente, e níveis de magnésio quatro vezes superiores ao recomendado. Ao longo dos próximos 15 anos, o governo indonésio pretende investir cerca de 3,5 bilhões de dólares na revitalização do rio com o qual 9 milhões de pessoas têm contato.


4. Dzerzhinsk
(Rússia)
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Em 2007, o Livro Guinness de Recordes citou Dzerzhinsk como a cidade mais poluída do mundo. A menção estava longe de ser gratuita: amostragens de água coletadas na cidade apresentaram níveis de dioxinas e de fenol mil vezes acima do recomendado. A alta concentração de toxinas causou o aumento de doenças como câncer dos olhos, pulmões e rins e fez a expectativa de vida na região cair drasticamente – em 2006, a esperança média de vida em Dzerzhinsk era 47 anos para as mulheres e apenas de 42 para os homens. A contaminação tem origem antiga: durante todo o período soviético, Dzerzhinsk foi responsável pela maior parte da fabricação de produtos químicos, incluindo armas. Entre 1930 e 1998, cerca de 300 mil toneladas de resíduos foram despejados incorretamente na cidade, contaminando os lençóis freáticos com mais de 190 substâncias. Atualmente, a região ainda é um centro significativo da indústria química russa, mas, ao longo dos últimos anos, esforços têm sido feitos para fechar instalações obsoletas e recuperar o solo contaminado.

5. Hazaribagh (Bangladesh)
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Do total de 270 curtumes registrados em Bangladesh, quase 90% estão localizados em Hazaribagh e empregam mais de 10 mil trabalhadores, que são expostos a condições de trabalho extremamente perigosas: todos os dias, as fábricas descartam 22 mil litros cúbicos de resíduos tóxicos cancerígenos. O resultado você já pode imaginar: além de câncer, a população enfrenta uma série de problemas de saúde, como doenças respiratórias, queimaduras ácidas, erupções cutâneas, dores, tonturas e náuseas. Para piorar, as casas dos trabalhadores estão localizadas ao lado de córregos, lagoas e canais contaminados. A indústria do couro ainda provoca outros impactos na região: recicladores informais queimam restos de couro para produzir uma série de produtos de consumo, contribuindo também para poluição do ar.

6. Kabwe (Zâmbia)
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Em 1902, ricas jazidas de chumbo foram descobertas em Kabwe. De lá pra cá, foram mais de 90 anos de operações de mineração e fundição executadas na área sem cuidados para evitar a contaminação e garantir a segurança dos trabalhadores e da comunidade. O resultado não poderia ser outro: um estudo realizado em 2006 descobriu que os níveis de chumbo no sangue das crianças excedia quase dez vezes os níveis recomendados. A mina hoje está fechada, mas atividades artesanais continuam sendo realizados – e a pilha de rejeitos contaminados só aumenta.

7. Kalimantan (Indonésia)
Para 43 mil residentes de Kalimantan, porção indonésia da Ilha de Bornéu, a renda mensal depende da extração de ouro artesanal, feita com mercúrio e de forma rudimentar. A Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) estima que mais de 1.000 toneladas de mercúrio sejam liberados no meio ambiente todos os anos por este processo. Parte dos dejetos da atividade é lançada nos cursos d’água, onde acabam se acumulando nos peixes do Rio Kahayan, que apresenta taxas de mercúrio que correspondem ao dobro do recomendado. O governo da Indonésia vem tentando contornar a situação, trabalhando para mitigar os lançamentos de dejetos e a exposição às substâncias tóxicas.

8. Matanza-Riachuelo (Argentina)
Cerca de 20 mil pessoas vivem na bacia do rio Matanza-Riachuelo, que corta 14 municípios em Buenos Aires. Suas águas estão longe de ser limpinhas: seus 60 quilômetros recebem resíduos vindos de mais de 15 mil indústrias, que incluem fabricantes de produtos químicos (responsáveis por um terço de toda poluição). E o problema não está só no lado de dentro: estudo realizado em 2008 revelou que o solo nas margens do rio continha zinco, chumbo, cobre, níquel e crômio, todos acima dos níveis recomendados. Cerca de 60% das pessoas que residem perto do curso d’água vivem em condições impróprias para a habitação humana – situação que se torna ainda mais complicada devido aos assentamentos irregulares, onde moradores não tem acesso à água potável.

9. Rio Níger (Nigéria)
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Com mais de 70 mil quilômetros quadrados, o Rio Níger ocupa quase 8% da área total da Nigéria. Não é pouca coisa. Também não é pouca a poluição presente no curso d’água: desde o final dos anos 1950, o local concentra a maior parte das operações de extração de petróleo do país. Apenas entre 1976 e 2001, foram registrados 7 mil incidentes envolvendo derrames de petróleo; anualmente, são mais de 240 mil barris de petróleo derramados no delta do rio. Os vazamentos contaminam não apenas a superfície e as águas subterrâneas, mas também o ar, devastando comunidades aquáticas e agrícolas. Os acidentes têm afetado a saúde da população local: artigo publicado no Nigerian Medical Journal, em 2013, indicou que a poluição poderia ser responsável pelo aumento de 24% de desnutrição infantil. Além disso, o petróleo bruto pode causar infertilidade e câncer.

10. Norilsk (Rússia)
Fundada em 1935, Norilsk é uma cidade industrial, lar de um dos maiores complexos de fundição de metais pesados do mundo. Anualmente, cerca de 500 toneladas de óxidos de cobre e níquel e 2 milhões de toneladas de dióxido de enxofre são liberados no ar, o que faz com que a expectativa de vida na cidade seja 10 anos abaixo da média russa. Estima-se que mais de 130 mil moradores da região sejam expostos a partículas de metais pesados e foi observado na área um aumento nos níveis de doenças respiratórias e câncer de pulmão e do sistema digestivo. Apesar de investimentos para a redução de emissões ambientais, a área circundante continua seriamente contaminada, com altas concentrações de cobre e níquel no solo dentro de um raio de 60 quilômetros da cidade.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Natureza

“O homem não vale lá muito comparado aos grandes pássaros e animais”
(O Velho e o Mar, Ernest Hemingway)
copas das arvores
1. Rumo à Ecologia Profunda, de Fritjof Capra 
O físico austríaco Fritjof Capra acredita que a humanidade está passando por diversas crises que convergem em uma única: a crise de percepção. O desafio é enxergar os problemas de forma integrada, como parte de um único sistema.
O texto “Rumo à Ecologia Profunda” é parte do primeiro capítulo do seu livro “A Teia da Vida – Uma Nova Compreensão Científica dos Sistemas Vivos” (Editora Cultrix). A obra aborda a urgência de mudança do paradigma antropocêntrico (ser humano como centro) para o ecocêntricos (com valores centralizados na Terra), com uma visão de mundo que reconhece o “valor inerente da vida não-humana”. A ecologia profunda enxerga o mundo como rede de fenômenos que estão fundamentalmente interconectados e são interdependentes.
“A crise intelectual dos físicos quânticos nos anos 20 espelha-se hoje numa crise cultural semelhante, porém muito mais ampla. Consequentemente, o que estamos vendo é uma mudança de paradigmas que está ocorrendo não apenas no âmbito da ciência, mas também na arena social, em proporções ainda mais amplas. O paradigma que está agora retrocedendo dominou nossa cultura por várias centenas de anos, durante as quais modelou nossa moderna sociedade ocidental e influenciou significativamente o restante do mundo. Esse paradigma consiste em várias ideias e valores entrincheirados, entre os quais a visão do universo como um sistema mecânico composto de blocos de construção elementares, a visão do corpo humano como uma máquina, a visão da vida em sociedade como uma luta competitiva pela existência, a crença no progresso material ilimitado, a ser obtido por intermédio de crescimento econômico e tecnológico, e – por fim, não menos importante – a crença em que uma sociedade na qual a mulher é, por toda a parte, classificada em posição inferior à do homem (…)”
“Os dois termos, “holístico” e “ecológico”, diferem ligeiramente em seus significados, e parece que “holístico” é um pouco menos apropriado para descrever o novo paradigma. Uma visão holística, digamos, de uma bicicleta, significa ver a bicicleta como um todo funcional e compreender, em conformidade com isso, as interdependências das suas partes. Uma visão ecológica da bicicleta inclui isso, mas acrescenta-lhe a percepção de como a bicicleta está encaixada no seu ambiente natural e social – de onde vêm as matérias-primas que entram nela, como foi fabricada, como seu uso afeta o meio ambiente natural e a comunidade pela qual ele é usada, e assim por diante. Essa distinção entre “holístico” e “ecológico” é ainda mais importante quanto falamos sobre sistemas vivos, para os quais as conexões com o meio ambiente são muito mais vitais”.

2. A natureza não é muda, de Eduardo Galeano

O escritor uruguaio discorre sobre os “direitos da natureza”, usando como exemplo a Constituição do Equador. É legítimo que a Natureza tenha direitos?
“E a natureza? De certo modo, pode-se dizer que os direitos humanos abrangem a natureza, porque ela não é um cartão postal para ser olhado desde fora; mas bem sabe a natureza que até as melhores leis humanas tratam-na como objeto de propriedade, e nunca como sujeito de direito”.
“Parece estranho, não é? Isto de que a natureza tenha direitos… Uma loucura. Como se a natureza fosse pessoa! Em compensação, parece muito normal que as grandes empresas dos Estados Unidos desfrutem de direitos humanos. Em 1886, a Suprema Corte dos Estados Unidos, modelo da justiça universal, estendeu os direitos humanos às corporações privadas. A lei reconheceu para elas os mesmos direitos das pessoas: direito à vida, à livre expressão, à privacidade e a todo o resto, como se as empresas respirassem. Mais de 120 anos já se passaram e assim continua sendo. Ninguém fica estranhado com isso”.

3. O planeta doente, de Guy Debord

O texto foi escrito em 1971 e discute “a impossibilidade da continuação do funcionamento do capitalismo”, usando como ponto de partida a poluição, que o autor diz ser “tagarelice tediosa numa pletora de escritos e de discursos errôneos e mistificadores”. O francês Guy Debord foi um dos fundadores, na década de 50, da Internacional Situacionista, movimento de cunho artístico e político que aspirava transformações sociais por meio da crítica ao sistema.
“O problema da degradação da totalidade do ambiente natural e humano deixou completamente de se colocar no plano da pretensa qualidade antiga, estética ou outra, para se tornar radicalmente o próprio problema da possibilidade material de existência do mundo que persegue um tal movimento”.
“Na sociedade da economia super desenvolvida, tudo entrou na esfera dos bens econômicos, mesmo a água das fontes e o ar das cidades, quer dizer que tudo se tornou o mal econômico, “negação acabada do homem” que atinge agora sua perfeita conclusão material”.
“E nunca a consciência histórica teve tanta necessidade de dominar com tanta urgência seu mundo, pois o inimigo que está à sua porta não é mais a ilusão, mas sua morte”.

4. “Minhas raízes são aéreas”, de Eliane Brum

A entrevista conduzida pela jornalista Eliane Brum narra a trajetória da psicóloga Debora Noal em missões da organização Médicos Sem Fronteiras. Com sua refinada sensibilidade, Eliane escreve que “Debora nos apresenta uma realidade que, não por acaso, pouco chega até nós. Depois de ler sua entrevista, pode parecer difícil acreditar. Mas raras vezes conheci alguém tão leve, transparente e feliz. Os olhos de Debora brilham enquanto conta sua experiência. Nos momentos de maior brutalidade se turvam – e depois voltam a brilhar. Ela não perde nenhuma oportunidade de rir e sua voz é sempre suave. E, quando abraça as pessoas, abraça”.
“Eu lembro quando no Congo eu recebi as diárias, o dinheiro para sobreviver naquele lugar. E eu lembro que eu estava morrendo de fome, e era de tarde já, e não tinha nada para comer na casa. Lembro que eu perguntei: “Não tem nada aí para comer? Estou com muita fome”. E a moça disse: “Teve um ataque ontem, lá no mercado, e não sobrou nada. Não tem nada”. E você se dá conta do valor do dinheiro – um pedaço de papel que é significado puro. E, naquele dia, por exemplo, ele não significava nada. Eu não podia comprar nada com o meu dinheiro. Estava lá, com o dinheiro dentro do bolso e não tinha um grão de arroz para comprar porque não havia paz naquele lugar. E aí você começa a se dar conta de qual é o valor das coisas materiais. Você não come o seu dinheiro. Você não come o seu salário. Há outras coisas ali que têm uma importância e um significado muito maior e que não são coisas físicas. As coisas materiais te dão uma sensação de paz, mas é apenas uma sensação de paz, não é a paz. Não é a saúde, não é a riqueza. É uma sensação de tudo isso. Que pode ser destruída muito rapidamente. Talvez isso tenha ficado mais evidente para mim. Já tinha um significado, mas não tinha essa força que tem hoje”.


5. O ser humano como nó de relações totais, de Leonardo Boff
Leonardo Boff é um dos expoentes da chamada Teologia da Libertação. Foi professor de ética, filosofia da religião e de ecologia filosófica no Rio de Janeiro e é autor de vários livros, como “Igreja: Carisma e Poder” – obra pela qual foi condenado pela igreja em 1985 a cumprir um ano de silencio obsequioso .
Nesse texto, publicado em seu site oficial, Boff explica como o ser humano se constrói, em grande medida (mas não apenas), em sua relação com a sociedade. Defende a democracia sustentada por quatro pilares – participação, igualdade, diferença e comunhão – cuja base é o chão, a própria Terra: “A democracia não seria completa se não  incluísse a natureza que tudo possibilita. Ela fornece a base físico-química-ecológica que sustenta a vida e a cada um de nós”.
Leia também: O significado de Mandela para o futuro ameaçado da humanidade

6. Quando o consumismo é doença, de André Trigueiro

Propaganda, marketing e a febre do consumo são temas desse artigo de André Trigueiro, jornalista especializado em meio ambiente, professor da PUC-RJ e autor do livro “Mundo Sustentável – Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em transformação”.
“Vem da terra do Tio Sam – templo sagrado do consumismo – uma bela lição em forma de música. Na trilha sonora do desenho animado “Mogli – o menino lobo” (Disney, 1967), o urso Baloo, responsável pela educação de Mogli numa selva repleta de predadores, cantarolava a música “Bare Necessites”, que trazia o seguinte refrão traduzido assim para o português : “Necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais. Vivemos num planeta que oferece o necessário para todos. Se ainda assim não conseguimos ser felizes, talvez a culpa seja nossa”.
7. A Carta da Terra

A Carta é “uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica”. A ideia surgiu em 1987, quando a Comissão Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento sugeriu a criação de um texto com o registro das diretrizes fundamentais para o desenvolvimento sustentável.
Após anos de diálogos interculturais em torno de objetivos comuns para todos os povos (e que pudessem ser expressos em uma carta), ela foi finalizada em 2000 como uma iniciativa global da sociedade civil. Leonardo Boff é um dos nomes que participou da redação da Carta. O lançamento aconteceu no Palácio da Paz, em Haia.
“Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza”.

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E para finalizar, versos do poeta Thiago de Mello, nascido em 1926 no Amazonas e exilado no Chile durante a ditadura, onde escreveu “Os Estatutos do Homem”.
Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente)
Artigo I 
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.
Artigo II 
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
Artigo III 
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.
Artigo IV 
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo único: 
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.
Artigo V 
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.
Artigo VI 
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.
Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.
Artigo VIII 
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.
Artigo IX 
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.
Artigo X 
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.
Artigo XI 
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.
Artigo XII 
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único: 
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.
Artigo XIII 
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.
Artigo Final. 
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

Seu cartão sabe tudo

Ele tornou a vida mais simples, e está no bolso de todo mundo. Mas também revela muita coisa a seu respeito. As empresas de cartão querem prever o que você vai fazer - antes que você mesmo saiba. Conheça os segredos do dinheiro de plástico.


Pense nas 10 últimas coisas que você comprou. Várias, talvez a maioria, não foram com dinheiro nem cheque - foram com um cartão de débito ou crédito. Todo mundo tem um. Passar o cartão é tão corriqueiro quanto escovar os dentes. Mas por trás desse ato banal existe algo que você nem imagina: bancos de dados que registram todos os seus passos e sabem muito sobre você. Quer um exemplo? As empresas de cartão são capazes de prever se uma pessoa vai se divorciar. E com até dois anos de antecedência - ou seja, antes que o próprio indivíduo tenha resolvido acabar com o casamento. Suas compras dizem muito sobre você. E a maquininha está ouvindo.

Quando você passa o cartão, ela se comunica com a credenciadora (nome técnico da empresa de cartão) e com o seu banco - ambos precisam autorizar a transação. Durante os segundos em que o visor diz "processando", muita coisa acontece. Uma bateria de computadores checa várias informações, como o valor da compra, o tipo de estabelecimento, o horário e o período entre essa compra e a anterior. Para descobrir se é você mesmo que está usando o cartão, tudo isso é comparado com o seu histórico. Já teve o cartão blo-queado ao fazer uma compra muito alta, num lugar onde nunca tinha estado, ou porque usou o cartão duas vezes em menos de uma hora? Os computadores concluíram (incorretamente) que a operação não batia com os seus padrões de consumo.


O problema é que essas regras são estáticas, ou seja, não conseguem acompanhar a evolução e a variedade de golpes, calotes e trapaças envolvendo cartões. Então as empresas resolveram partir para uma técnica muito mais sofisticada: as redes neurais. Basicamente, são programas de computador que conseguem aprender sozinhos: analisam as próprias decisões, descobrindo onde acertaram e erraram, e também são capazes de inventar novos critérios de julgamento. Enquanto você está comprando, tem um robô pensando a respeito.

E ele sabe muito sobre você: que a sua comida preferida é a japonesa e, mais que isso, que você costuma frequentar mais as temakerias de determinado bairro. Que a sua família provavelmente acaba de comprar um animal de estimação - por causa das visitas frequentes a pet shops. Que sua irmã, prima, amiga ou até você mesma vai se casar - pelos gastos crescentes em floricultura, igreja, bufês, loja de vestidos. Que você está usando óculos, por causa das contas em oftalmologistas e óticas. É um grande estudo psicológico ou sociológico sobre a população - baseado apenas em dados.

As empresas de cartão não falam abertamente sobre o assunto, e fazem questão de ressaltar que não têm acesso ao nome dos consumidores - informação que fica no banco onde a pessoa tem conta. Elas só conseguem ver o que está no recibo, ou seja: o número do cartão, nome do estabelecimento, horário e valor da compra. Mas isso já é o bastante.

Olhe este quadro ao lado. Pedimos a uma pessoa da redação da SUPER que guardasse todos os seus recibos de cartão de débito e crédito durante 20 dias. Em seguida, analisamos o que essa pessoa tinha comprado, onde e quando. A amostra é pequena, não se compara aos bancos de dados das empresas de cartão. Mas já foi o suficiente para levantar coisas reveladoras sobre o dia a dia dessa pessoa. Você, quem sabe, talvez até descubra qual de nós ele (ou ela?) é.

E, como as empresas de cartão têm um banco de dados monstruoso - só o computador central da MasterCard, nos EUA, armazena 652 mil gigabytes de dados (175 vezes o tamanho da Biblioteca do Congresso americano, a maior do mundo) - estão chegando a conclusões bem específicas. Ou, no mínimo, curiosas. Segundo o economista americano Ian Ayres, professor da Universidade Yale e autor do livro Supercrunchers, sobre estatística e análise de dados, elas têm como saber, com até dois anos de antecedência, se uma pessoa vai se divorciar. "A Visa já faz isso, para prever melhor o risco de atrasos no pagamento", afirma. É que a separação desestrutura a vida financeira das pessoas, aumentando muito as chances de calote. Ayres não revela como a empresa faz isso (quais tipos de compra poderiam revelar propensão ao divórcio), mas a informação foi confirmada por uma empresa que também tem enormes bancos de dados sobre seus consumidores: o Google. "O grau de acerto é de 98%", disse a vice-presidente do Google, Marissa Mayer. "Eles veem isso pelo padrão das suas compras."

As empresas de cartão de crédito negam. Mas alguns critérios acabaram vazando. Por exemplo: se você muda de supermercado, tem grandes chances de estar com problemas financeiros. É o que pensa a American Express, que nos EUA rebaixou o limite de crédito de consumidores que tinham começado a frequentar o Wal-Mart - porque seus computadores apontaram que, pelo menos para os americanos, comprar lá indica queda no padrão de vida. "Segundo nossa análise, os consumidores que fazem transações com certas lojas apresentam maior probabilidade de não pagar", declarou a Amex em nota. A medida, que também afetou quem comprava em outros estabelecimentos comerciais, deu resultado: o índice de inadimplência da empresa caiu de 4,9% para 4,4%. Ninharia? Muito pelo contrário: cada 1% a menos de calote no setor equivale a US$ 10 bilhões economizados pelas empresas de cartão. Afinal, estamos falando de uma dívida gigantesca, que só nos EUA chega a US$ 972 bilhões (mais da metade do PIB brasileiro).

O mundo está pendurado no cartão de crédito. Com a crise global e o risco de calotes em massa, as empresas resolveram apostar mais e mais em suas redes neurais. Isso levou a algumas conclusões estranhas (fazer terapia, ter um massagista ou ir a determinados bares aumenta as chances de uma pessoa não pagar o cartão) ou simplesmente engraçadas. "Ofendido é pouco. Eu fiquei com nojo", disse à TV americana o executivo Kevin Johnson, que nunca atrasou um pagamento - mas teve seu limite de crédito reduzido de US$ 10 mil para US$ 3 mil depois que viajou com a mulher para a Jamaica. A inadimplência é o grande ponto fraco da indústria de cartões desde seu surgimento. Mesmo porque ela só começou por causa de um quase calote.

O primeiro cartão do mundo

Se o senhor Frank McNamara andasse pela rua Teodoro Sampaio, em São Paulo, certamente ficaria orgulhoso. Lá, uma banca de camelô ostenta orgulhosamente o adesivo: "Aceito Visa". Os cartões estão mesmo em toda parte. Taxistas, engraxates e até vendedores de praia aceitam. É o resultado de uma revolução econômica e tecnológica que começou em 1950, quando McNamara foi jantar e, na hora de pagar a conta, percebeu que sua carteira estava vazia - teve de ligar para a esposa e pedir que ela trouxesse dinheiro de casa. Ele teve a ideia de convencer 14 restaurantes de Nova York a aceitarem um cartão (que era de cartolina) como pagamento. Nascia o primeiro cartão de crédito do mundo: o Diners Club ("clube dos convivas", em inglês). Só no primeiro ano, ele conquistou 42 mil usuários, que podiam usá-lo para pagar a conta em 330 bares, restaurantes e hotéis conveniados.

Demorou um pouco, mas outras empresas acabaram percebendo que o negócio era bom. Em 1958, foram fundadas a Visa (que na época se chamava Americard) e a American Express, que começou a dominar o mercado porque vendia uma imagem de exclusividade: sua anuidade era propositalmente mais cara que a dos outros cartões. E em 1966 surgiu a MasterCard - que hoje controla, junto com a Visa, 96% do mercado mundial de cartões. O crescimento do setor se deve muito à insistência das empresas: em 2005, enviaram pelo correio 10,2 bilhões de cartões de crédito não solicitados - 1,5 para cada mulher, homem e criança viva na Terra. Some a isso os cartões de débito, hoje em dia quase inevitáveis (todo mundo com conta em banco possui automaticamente um), e você entenderá por que o dinheiro de plástico tomou conta do mundo.

As operadoras de cartão não se importam se você atrasar um pouco os pagamentos - afinal, 40% do que elas faturam vem de juros e multas. Mas, ao distribuir bilhões de cartões para pessoas que mal conhecem, se expõem a um risco cada vez maior de calote. Daí sua mania de analisar o comportamento humano.

Mas por trás disso tudo existe uma pergunta mais profunda. Por que, afinal, tanta gente gasta mais do que deve?

A fatura está no cérebro

Dinheiro não dá em árvore. E a fatura faz questão de lembrar, todo mês, que toda ação gera uma reação. Mas às vezes não parece, quando acumulamos tíquetes amarelos no fundo da carteira, que mais uma compra não vai fazer tanta diferença? Não é irresponsabilidade: o cartão engana nosso cérebro. O neuroeconomista George Loewenstein, da Universidade Carnegie Mellon, descobriu que duas regiões no cérebro competem quando estamos pensando em comprar alguma coisa. O núcleo accumbens (NAcc), associado a sensações boas, costuma se ativar quando percebemos que vamos ganhar alguma coisa de que gostamos - comida ou dinheiro, por exemplo. Num estudo de mapeamento do cérebro, o NAcc se acendeu quando alguns produtos foram mostrados para cobaias humanas. Mas, quando os preços dos produtos eram mostrados, outra região era ativada: a ínsula, região do cérebro associada a dor e perda. Quanto mais injusto parecia o preço, mais acesa a ínsula ficava. Se sua atividade ultrapassasse determinado nível, conta Loewenstein, as pessoas não compravam o produto.

Os cartões distorcem essa competição entre as partes do cérebro. Porque, quando você paga com eles, a ínsula fica inativa - não faz nada para conter a empolgação do NAcc. Isso também explica por que, conforme outros estudos apontaram, as pessoas gastam mais com dinheiro de plástico. "Parece que você não está gastando", diz o professor. Verdade.

A única solução é fazer mais força para se controlar. Afinal, não há nada pior do que tomar um susto ao abrir a fatura do cartão. Como o que levou o americano Josh Muszynski, 22 anos, que recebeu da Visa a maior cobrança da história: US$ 23 quatrilhões. "Fiquei em pânico", conta ele, que havia usado o cartão de débito para comprar um reles maço de cigarros. Foi um erro do sistema, que bloqueou o cartão e multou Josh por ter ultrapassado seu limite de gastos. Cigarro: US$ 5. Multa: US$ 15. Receber uma fatura de US$ 23 quatrilhões? Não tem preço.

Passando recibo

Analisamos todos os gastos que uma pessoa fez, com cartão, durante quase 20 dias. É um funcionário da SUPER. Veja o que descobrimos sobre essa pessoa

26/8 Quarta
10h24 - Posto de Serv Dinâmico - R Heitor Penteado R$ 52 [1]
Tem carro (só os proprietários pagam pelo combustível).

27/8 Quinta
11h35 - Estacionamento Clube Pinheiros R$ 3,50 [2]

29/8 Sábado
13h36 - Ellus do Brasil R$ 309 [3]
Compra roupa de grife e paga à vista. Bom poder aquisitivo.
15h29 - Estacionamento C. Pinheiros R$ 3,50 [4]
16h23 - UO Katsu Sushi R$ 44 [5]
Sushi custa caro. Pelo valor, estava sozinho (ou não pagou a conta para o acompanhante).

31/8 Segunda
21h14 - HortiFrutti R$ 23,82 [6]

3/9 Quinta
22h42 - Pão de Açúcar - Rua Teodoro Sampaio R$ 57,61 [7]

4/9 Sexta
11h42 - Fran’s Café - Haddock Lobo R$ 10,70 [8]

5/9 - Sábado
15h14 - Estacionamento C. Pinheiros R$ 3,50 [9]
16h19 - UO Katsu Sushi R$ 50 [10]
Mesmo padrão do último sábado. Primeiro vai ao clube, depois almoça sozinho.

6/9 Domingo
01h28 - La Tartine - R Fernando Albuquerque R$ 39 [11]
03h42 - Auto Posto Bela Cintra R$ 50 [12]
Após 10 dias, abasteceu o carro com 25 l de combustível (vide itens 1 e 12). Logo, roda em média 20 km por dia. Mora perto do trabalho.

7/9 Segunda
15h22 - Sushi Tanabe R$ 26,50 [13]
Gosta mesmo de comida japonesa. E de pagar apenas a própria conta.

8/9 Terça
20h53 - Droga Verde R$ 30,07 [14]
22h03 - Horti Frutti R$ 24,62 [15]

11/9 Sexta
11h25 - Farmácia de Manipulação R$ 37 [16]

12/9 Sábado
15h12 - Ki Peixe - R da Cantareira R$ 24 [17]
16h26 - Ki Peixe - R da Cantareira R$ 22,50 [18]
Vai muito ao clube e come bem: sushi, peixe e verduras da quitanda (vide itens 2, 4, 5, 6, 9, 10 e 15). Por isso, apesar dos recentes gastos com remédios (14, 16), terá poucos problemas de saúde na vida - e baixo risco de dar calote.

13/9 - Domingo
14h03 - Estacionamento C. Pinheiros [19] R$ 3,50

15/9 Terça
21h01 - Auto Posto Itália R$ 30 [20]
0h01 - Mercearia São Pedro R Rodésia R$ 16 [21]
0h04 - Mercearia São Pedro R Rodésia R$ 43 [22]
Duas compras no mesmo estabelecimento alimentar, com mínima diferença de tempo. Deve ter pago a conta para os amigos. Até que enfim!

16/9 Quarta
21h50 - Estacionamento C. Pinheiros R$ 3,50 [23]
Foi ao clube à noite e chegou tarde em casa. E gasta pouco em supermercado (item 7). Logo, não tem filhos.

17/9 Quinta
0h52 - Bar da Praça $ 55 [24]
Pagou toda a conta de novo. Será que ganhou um aumento?

À prova de fraudes. Será?
Cartão do futuro tem visor e teclado embutidos

Muita gente já foi vítima dos "chupacabras": maquininhas adulteradas, que capturam o número e a senha do seu cartão e repassam para golpistas - que usam essas informações para cloná-lo. Mas a tecnologia CodeSure, que a Visa já está testando na França e na Inglaterra, promete acabar com isso. Você digita a sua senha no teclado do próprio cartão (veja acima). Ele gera uma senha temporária, exibida num pequeno visor. Aí você digita essa senha, na maquininha, para autorizar sua compra. É uma chateação, mas reduz muito o risco de fraudes: como a maquininha só tem acesso à senha temporária, não consegue clonar o cartão.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

E se existissem dois sóis?


Foto: NASA/JP-Caltech
Segundo Nando Reis, um segundo Sol derrubaria, com assombro exemplar, o que os astrônomos diriam se tratar de um outro cometa. Mas os astrônomos da vida real diriam algo menos enigmático: que isso é algo até comum. Boa parte dos outros sistemas planetários tem uma estrela a mais. Geralmente é uma menor, que fica girando em torno da principal junto com os planetas. Por aqui, isso só aconteceria se uma estrela que estivesse vagando pelo espaço entrasse no sistema solar. Se você estiver aqui no dia em que esse segundo Sol chegar, a primeira coisa é torcer para que ele não chegue muito perto. Nem pelo calor. Mas pelo frio. É que tem o seguinte: uma estrela do tamanho do Sol possui um campo gravitacional 2 800 vezes mais poderoso que o da Terra. É tanto que, se um astro assim passar a 300 milhões de quilômetros daqui, a gravidade dele acelerará o planeta. E isso é um problema: se a Terra correr rápido demais, ela acaba desgarrando do Sol. Poderíamos acabar lançados para fora do sistema solar. E o clima por aqui seria uma noite eterna a menos de 200 ºC negativos. Mas, se o segundo Sol estacionar um pouco mais longe, ficaremos em paz. E ele aparecerá 8 vezes menos brilhante que o primeiro. Pouco, mas o suficiente para que não anoiteça em certos meses do ano: enquanto um Sol estiver se pondo, o outro já terá nascido. Como o balé das órbitas é complexo, em outras épocas do ano veríamos os dois Sóis nascer e se pôr juntos. Só aí haveria noite. Mas estamos falando aqui de um segundo Sol meia-boca - distante e com pouco brilho. Só que não fica nisso. Existe outra possibilidade: a de um sistema solar com dois Sóis iguais no meio. O céu nem mudaria tanto. Mas aqui as coisas seriam tão diferentes que, aí sim, os astrônomos diriam se tratar de um outro cometa. Digo, planeta.
Dois sóis num dia
Eles fariam muito mais do que realinhar a órbita do planeta

SOL DAS 22 h
Nos dias de separação máxima, um Sol iria nascer bem mais cedo e o outro muito mais tarde. No horário de verão, boa parte do Brasil escureceria só às 22 h. E o primeiro Sol raiaria às 5h30. Nos EUA e na Europa seriam quase 24 horas de claridade.

AQUI TÁ QUENTE, AQUI TÁ FRIO
A dança dos Sóis geraria microestações. Nos eclipses, que durariam dois dias, receberíamos o calor de apenas um Sol. Seriam 4 invernicos desses por ano, com a temperatura caindo pela metade. Quando os Sóis estivessem bem separados, a quantidade de luz seria 25% maior. Aí sim: seríamos surpreendidos novamente - por um calor de lascar.

TUDO AZUL
Se o ambiente muda, a vida se transforma, ensina Darwin. Numa Terra com dois Sóis pegando pesado, não seria absurdo pensar em seres com a pele azul - já que essa cor reflete os raios mais energéticos, e nocivos, do Sol. Outra: a felicidade geral do planeta cresceria: o Sol faz o corpo produzir mais vitamina D, que melhora o humor e a libido.

ANOS INCRÍVEIS
A Terra teria que ficar longe dos Sóis para aguentar a radiação extra. Isso faria um ano durar 613 dias. As estrelas girariam uma ao redor da outra também. Então a cada 155 dias um dos Sóis ficaria eclipsado. Seria algo tão marcante que contaríamos os meses com base nesses intervalos.

INFERNO VERDE
Dias mais longos = mais fotossíntese. Mais fotossítese = plantas com muito mais energia para crescer. E aparecer. O reino vegetal seria bem mais complexo, principalmente nas regiões tropicais. O quão complexos? Não dá para saber. Mas, quando o assunto é evolução, quase nada é impossível. Nem plantas como estas aqui!

EM NOME DOS PAIS
Todas as culturas em algum momento trataram o Sol como um deus. Ele era Horus, no Egito; Amaterasu, no Japão; Sunna, na Escandinávia; Surya, na Índia. Com dois Sóis, o grau de divindade do astro aumentaria. Talvez a ponto de fazer com que algumas religiões tivessem virado biteístas, em vez de adotar um deus único.

O amor é cego - literalmente

Cérebro dos apaixonados tem mecanismo para evitar o adultério



Quem está apaixonado fica em estado de graça: meio aéreo, sem prestar muita atenção no que está se passando a sua volta. Isso todo mundo já sabe. Mas cientistas da Universidade da Flórida acabam de descobrir que a coisa pode ir muito além: o amor torna o cérebro humano literalmente incapaz de prestar atenção em rostos muito bonitos.

Os pesquisadores fizeram um estudo para medir a atenção de 113 homens e mulheres, que foram expostos a fotos de pessoas lindas (e outras não tão bonitas). Metade dos voluntários teve de escrever, antes da experiência, um pequeno texto falando sobre o amor que tinha por seu parceiro. A outra metade fez uma redação genérica, sobre felicidade. Em seguida, as fotos foram exibidas - com os olhos dos voluntários monitorados por um computador. Quem tinha escrito (e pensado) em amor passou a ignorar as imagens de pessoas bonitas - seus olhos simplesmente não se fixavam sobre as fotos. E essa rejeição só acontecia com as fotos de gente linda; com as imagens de pessoas comuns, não havia diferença.

Segundo os cientistas, isso acontece porque, quando as pessoas pensam em amor, seu neocórtex passa a repelir pessoas muito atraentes - que são tentadoras e têm mais chances de levar alguém a praticar adultério. O mais impressionante é que, entre os homens, esse mecanismo antitraição é 4 vezes mais forte do que nas mulheres.

Os cientistas especulam que ele teria se desenvolvido, ao longo da evolução, para ajudar os machos a se manterem monogâmicos. "Há muitos benefícios evolutivos em uma relação monogâmica, e o organismo leva isso em conta", diz o psicólogo Jon Maner.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Dos mares gelados ao cativeiro: saiba como o salmão chega até você


“O ciclo de vida do salmão selvagem tem início quando a fêmea adulta deposita os ovos entre as pedras dos leitos dos rios. Depois da eclosão do ovo, o filhote de salmão permanece no rio por um período que varia de acordo com a temperatura da água e a quantidade de comida disponível. Tão logo seu sistema interno esteja adaptado à vida em água salgada, ele migra para o oceano. Depois de um a quatro anos no mar, ele migra mais uma vez, nadando contra a correnteza, e usando sua capacidade de saltar até 3 metros de altura para transpor numerosas quedas d’água e, surpreendentemente, voltar ao rio onde nasceu para fazer a desova e dar início a um novo ciclo de vida”. CARDUME OK
O texto acima, retirado do livro “Salmão”, da editora Manole, chega a ser tal qual a própria natureza: poético. Os ovos entre as pedras dos leitos dos rios e a migração entre águas salgadas e doces são os versos do movimento circular que a vida nos impõe, entre começos, fins e (re) começos.
Pois o salmão, um “simples” peixe de águas frias, guarda seus segredos na parte interna da carne e nos dá uma verdadeira aula sobre a beleza cíclica da existência: aquilo que o Homo sapiens tem dificuldade de sentir e é mestre em interromper.
Como assim?
Nos últimos anos, é mais do que visível o aumento no número de cardápios com pratos à base de salmão que surgiram no nosso cotidiano. De norte a sul, o peixe ganhou destaque em supermercados, peixarias, temakerias e restaurantes do nosso Brasil tropical. Tudo lindo? Seria, se ficássemos apenas com o sabor da carne.
Mas o salmão descrito no primeiro parágrafo desse texto é conhecido como salmão selvagem. A pesca em demasia e sem cuidados necessários com os ciclos reprodutivos provocou uma queda considerável no número de peixes ao longo do século XX. Os anos 80 marcaram o início da criação do salmão em cativeiro, uma alternativa encontrada para controlar a reprodução e produtividade dos estoques pesqueiros em todo mundo – tudo na lógica do “para quê depender da boa vontade da natureza, se há mecanismos para fazer diferente?”.
A prática é conhecida como aquicultura, que se refere ao cultivo de diversos organismos aquáticos em ambiente limitado e controlado, com intervenções e manejo do processo visando o aumento da produção. Atualmente, cerca de 70% do salmão consumido no mundo é proveniente de cativeiros. O cultivo é uma importante atividade econômica em países como Noruega e Chile, os maiores produtores mundiais, respectivamente. E é do nosso vizinho latino que vem praticamente todo o salmão consumido no Brasil.
salmao OK
Qual o problema do cativeiro?
Cativeiro, por definição e sonoridade, não é uma palavra, digamos, carinhosa. Pode ser traduzida como “servidão, escravidão, prisão”. O cativo é aquele “sem liberdade, capturado, preso ou escravo”, de acordo com o dicionário Houaiss. Essa breve consideração semântica é o suficiente para darmos outro significado àquilo que consideramos mercadoria. Antes de ser um produto que vai ao mercado, o salmão é ser cativo de um sistema alimentar que se desenvolveu com foco na produtividade, não na alimentação.
O problema é pior porque não pára por aí. Não podemos esquecer que qualquer cadeia produtiva é formada por pedaços, fragmentos invisíveis aos olhos, elos desconexos que de alguma forma, ao final, se unem e passam a ter valor de troca no mercado – independentemente dos custos que estejam embutidos, como os sociais, ambientais e culturais. Exemplos: desrespeito aos direitos trabalhistas básicos, poluição e contaminação de águas e solo, desapropriação de comunidades de suas terras e muitos outros.
No cativeiro, o salmão nasce a partir de fertilização artificial e o início da sua vida é também em água doce. A migração para o oceano, na “vida real”, é feita na chegada da primavera, estação do ano que é forjada artificialmente por meio de variações da luz de lâmpadas no sistema fechado. Na hora de ir para o mar, os peixes são levados por caminhões ou até helicópteros. Uma vez em águas salgadas, seguem os processos do manejo industrial e vão para o mercado. Da fertilização até o consumo são mais ou menos 2 anos (veja mais informações em reportagem da Folha, que viajou ao Chile para entender como é o processo).
Desovando os problemas…
O projeto global “Pure Salmon Campaign”,  que envolve EUA, Canadá, Europa, Austrália e Chile, faz uma série de apontamentos sobre os problemas ambientais, sociais e de saúde que estão relacionados ao cultivo controlado.
Um dos principais problemas é a insustentabilidade da alimentação fornecida nos criadouros. O documentário “Pure Salmón” mostra que para muitos cientistas o cultivo em cativeiro é desastroso e está acabando com os recursos pesqueiros ao redor do mundo. Em grande parte, isso acontece porque há uma rede paralela de fornecimento de outras espécies de peixes que servem de alimento para o salmão. Calcula-se que até cinco quilos de pescados e krill (semelhante ao camarão) são necessários para produzir um quilo de salmão. “A indústria de farinha de pescado compete com os humanos por peixes. Equivale a roubar alimento da boca das pessoas e alimentar os salmões que são, por si, um luxo para pessoas de países ricos”, comenta Daniel Pauly, da University of British Columbia.
Veja o documentário abaixo, com 23 minutos (disponível com legendas em espanhol):
Em entrevista ao site do Instituto Akatu, Andrew Sharpless, especialista de uma das maiores organizações internacionais dedicadas à proteção dos oceanos, defende que o grande responsável pelo colapso da indústria pesqueira é a superexploração e diz que existe interesse da indústria em reduzir essa proporção (5 quilos de pescados para 1 quilo de salmão produzido) com a introdução de grãos na alimentação. “Mas isso prejudica o sabor. Até o momento, esse é um problema sem solução. Por isso, comer salmão não é algo bom para o oceano”, enfatiza.
O desperdício de milhões de peixes de cultivo vão diretamente para o oceano, contaminando a água com resíduos  sem tratamento e químicos tóxicos. Além disso, o cativeiro é local ideal para enfermidades e parasitas contagiosos que podem atingir as espécies silvestres, prejudicando o equilíbrio da fauna marinha (a semelhança não é mera coincidência: sistemas intensivos de produção agrícola, as monoculturas, também são ambiente fértil ao aparecimento de pragas, o que exige aplicação massiva de agrotóxicos).
Um exemplo é o “piolho do mar”, pequeno crustáceo que “gruda” no salmão e arrasa produções inteiras. Entrevistado no documentário, Alejandro Buschmannm, da Universidad de Los Lagos, no Chile, resume bem a história: “Não se pode simplesmente aumentar a produtividade sem levar em conta as vulnerabilidades dos sistemas costeiros. Nós reclamamos que o país ou o governo não regulam o suficiente. Mas também é relevante dizer que as companhias fizeram um forte lobby contra a regulação. Assim, de um lado você tem um governo fraco e de outro uma forte pressão das companhias”.
A falta de regulação também se reflete nas questões trabalhistas. O crescimento explosivo na demanda por produtos marinhos levou as companhias, muitas da União Europeia, a abrir operações de cultivo de salmão onde os custos laborais são baixos e as regulações ambientais são poucas. Os efeitos positivos são visíveis para as multinacionais, mas levam a abusos de trabalho e práticas questionáveis.
Em 2011, por exemplo, uma investigação realizada pelo governo do Chile descobriu que a filial chilena de uma empresa com base na Noruega era responsável por uma série de violações trabalhistas e foi multada por não prover equipamentos de proteção aos empregados, não entregar contratos aos trabalhadores, exigir sete dias de trabalho por semana e suspender ilegalmente o primeiro líder sindical eleito.
sushis OK
E tem mais…
Corantes artificiais, subprodutos tóxicos e antibióticos que podem causar câncer e outros  problemas de saúde estão presentes em vários níveis no tecido do salmão de cativeiro. Em 1999, a Organização Mundial de Saúde advertiu sobre a popularidade crescente do peixe e os riscos potenciais sobre a saúde humana. O problema também é apontado pela “Pure Salmon Campaign”.
Em reportagem do UOL, a nutróloga Marcella Garcez, membro da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), explica que para o salmão de cativeiro ficar com a cor igual ao selvagem são adicionados à ração carotenoides como a astaxantina e a cantaxantina e “o consumo excessivo destes pigmentos pode causar intoxicação e alergias”.
Nos EUA, um grupo de consumidores processou criadores de salmão ao descobrir que o peixe, na verdade, é cinza. Na natureza, ele ganha coloração rosada por se alimentar de algas e crustáceos que possuem pigmentos naturais. Na indústria, os pigmentos entram artificialmente na alimentação oferecida.
E só para piorar um pouco mais, este ano uma empresa norte-americana de biotecnologia anunciou o salmão transgênico, com genes de enguia, que chega ao seu tamanho máximo duas vezes mais rápido. E vai ficando cada vez mais difícil…
O transgênico e o “convencional” com a mesma idade:
TRANSGENICOS
A lista vermelha: resumo de problemas e outros peixes
Uma publicação de 2008 do Greenpeace de Portugal mostra diversas espécies de peixe que devem entrar para a lista vermelha do consumo, como atum e bacalhau do Atlântico. O salmão, claro, está lá. O arquivo traz um resumo dos motivos pelos quais se deve evitar o peixe:
1. A sobrepesca
O uso de peixes e a elaboração de farinha e óleo de peixe para alimentar os peixes de cativeiro aumenta a pressão da pesca nos recursos naturais. São necessários cerca de 4 a 5 quilos de outros peixes para que um salmão engorde um quilo.
2. Evasão de espécies
Há uma grande quantidade de salmões que escapam dos cativeiros. Estes indivíduos quando cruzados com salmões selvagens produzem crias que estão menos preparadas para sobreviver no meio selvagem. Este é um fator de risco para a sobrevivência da população quase inexistente nos mares e oceanos.
3. Abusos
No caso Chileno, mais de 50 trabalhadores perderam a vida em acidentes de trabalho nos últimos três anos. Também há relatos de salários ao nível do limiar da pobreza, dias de trabalho extremamente longos e desrespeito pelos direitos humanos.
4. Contaminação química
Devido à grande quantidade de produtos químicos e fármacos usados para controlar os vírus, as bactérias, os fungos e outros agentes patogénicos do salmão em cativeiros, há perigo de contaminação de águas e de danificação da biodiversidade nas proximidades.
barco pesca OK
Socorro! O que eu faço?
É difícil chegar à equação dos sonhos, ou seja: continuar comendo salmão + não alimentar esse sistema produtivo cheio de problemas. Se você gosta mesmo de peixe, deve colar na porta da geladeira a primeira lição: prefira sempre produtos locais, frescos, que estão mais próximos a você.
O Slow Fish, parte do movimento Slow Food, considera que “com a pesca, assim como com a agricultura, cada indivíduo pode contribuir em algum nível para mudar os mecanismos de um sistema alimentar globalizado baseado na exploração intensiva de recursos”. A ideia é redescobrir os sabores esquecidos e as espécies locais, que tendem a cair no esquecimento em um mercado massificado, e dar valor especial à sabedoria tradicional de comunidades de pescadores. Os princípios fundamentais do Slow Fish se baseiam no consumo de peixe bom, limpo e justo. E o que seria isso?
slowfishbrasil2
Peixe bom é aquele fresco, saboroso e da estação, que satisfaz os sentidos e está associado à nossa cultura e à identidade local. Peixe limpo é aquele produzido por métodos que respeitam o meio ambiente e a saúde humana. E peixe justo é aquele que tem preços acessíveis para os consumidores ao mesmo tempo que garante condições dignas de trabalho e de vida para os produtores familiares.
É importante lembrar: todos esses princípios correspondem a uma visão global da produção de alimentos, levando em consideração a capacidade do ambiente de se renovar. Logo, eles são aplicáveis a todos os alimentos, não apenas aos peixes.
Você também pode saber mais nos materiais de apoio do movimento, que disponibiliza guias de consumo responsável, tabela de tamanhos mínimos de pescado, tabelas de período de defeso, manual de cuidados com a higiene na manipulação de peixes.
Também existem certificações para criação orgânica de salmão. A certificação não pode ser concedida a peixes marinhos que nadam livremente, uma vez que é quase impossível determinar seu histórico e as condições em que vivem. Apenas peixes cultivados em ambientes controlados recebem o selo.
As diferenças entre o orgânico e o convencional estão na alimentação, nas condições de vida e no uso de substâncias químicas. O livro “Salmão”, citado no começo do post, explica que “nos criatórios de salmão orgânico, as gaiolas abrigam uma quantidade de peixe sempre muito inferior à dos criatórios convencionais, e geralmente são colocadas em água com forte correnteza. Dessa forma,  o salmão se exercita mais e desenvolve maior tônus muscular, eliminando a necessidade do uso de pesticidas químicos para controlar o piolho do mar, bastante comum em ambientes superpovoados. A carne do salmão orgânico, fresco ou defumado, em geral é um pouco mais clara do que a do salmão tradicional, devido á ausência de corantes artificiais em sua dieta – o salmão orgânico é alimentado à base de casca de camarão picado, e não de corantes cor-de-rosa – e, por isso, pode parecer menos atraente para quem não conhece sua cor natural”.
Em tempos de comida sem alma, definitivamente o conceito de alimento atraente é muito relativo.